Escrever de Clarice Lispector
"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.
Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso no qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada.
Que pena que só sei escrever quando espontaneamente a "coisa" vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos.
Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros."
Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.
Amei essa crônica. Parece que Clarice Lispector está falando do que acontece comigo, apesar de eu ser uma escritora amadora e ela ser uma super escritora modernista.
Clarice Lispector |
Beijos da Verônica
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"Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo". Evelyn Beatrice Hall no livro The Friends of Voltaire. Smith, Elder & Co. 1906.
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Obrigada!